9 de jan. de 2013

telexibicionista em negação

I

              O telefone tocou e ele atendeu de imediato. Nem ponderou. Era habito treinado com esporros que já tinha a anos. O ponto é que ele estava no meio da trepada. Era seu chefe que queria saber o motivo das duas horas de atraso. Indeciso e ainda com o pau dentro, ofegava com a criatividade abalada pela posição pouco convencional que se encontrava, mas respondeu que estava numa sala de emergência sentindo falta de ar, e que entraria em contato com ele logo após a consulta ou assim que pudesse. Desligou o telefone. Caso estivesse mesmo numa consulta, ele não atenderia o telefone e ligaria depois. Mas como se sentia profundamente incomodado ao escutar o som de qualquer telefone tocando e com a consciência pesada pela sua falta de profissionalismo e compromisso com a empresa, características presentes em todo funcionário de bom caráter, motivado pelo habito bobo de atender telefones onde quer que estivesse não se conteve e atendeu o telefone durante a trepada.  Seu pau já estava mole dentro do preservativo e acabou por escapar da xoxota dela. Malditos telefones anti-foda. 
            Eu odeio telefones. Não consigo me comunicar bem, me acho grosseiro e muito objetivo. As pessoas sempre acham que eu estou apavorado e querendo desligar. E estão geralmente certas. Pior ainda quando estou sob efeito de entorpecentes, o que é bem corriqueiro. Não é que eu não saiba falar ao telefone. É que eu não gosto mesmo. Eu não tenho o costume de usar o telefone para bater papo – seu telefone é a minha mesa de bar. Hoje vi o jogo do meu time de futebol e não bebi nem uma cerveja. O jogo ficou 2x1 mas ainda tem o jogo da volta dessa competição internacional. Não tinha cerveja aqui em casa e como eu estava deitado no sofá com o controle remoto na mão, me contive e não pensei nisso. Consegui controlar a vontade de beber e achei bom ter tido preguiça de ir comprar ali na esquina a duas quadras da minha casa. O terreno é plano, não há esforço sobre humano algum, é só a preguiça do corpo podando certos desejos boêmios. Será que estou vivendo uma vida mais regrada? Minha mãe se orgulharia em saber disso. Vou acender um aqui e meditar sobre o assunto...
            Mas ele atendeu ao telefone no meio da trepada e ainda conseguiu convencer seu chefe. Desligou pensando que agora ele teria que passar num hospital ou ligar para um de seus amigos médicos para conseguir uma declaração de presença na consulta. E com certeza faria a primeira opção. Seu senso ético voltava a circular no sangue em detrimento do seu pau. Mas nada que um boquete e uma chupada nas bolas não resolvessem. E foi o que aconteceu, antes de entrar numa camisinha nova e adentrar a bocetinha que ainda estava molhada, quente e convidativa como as todas as bocetas localizadas entre as pernas das mulheres do mundo. Colocou ela de quatro, e confiando na tradicional e fatídica posição,  penetrou até o fim e com tudo lá dentro, debruçou sobre ela, enquanto  a mão esquerda segurava a teta esquerda e a outra estimulava seu grelo. Quando ela começou a fazer barulhos ele aumentou a velocidade da mão e começou a tirar tudo e enterrar de volta, num ritmo que em 5 minutos os dois haviam gozado. Agora tinha que ir ao hospital.
II

            Tinha vontade de mijar e o telefone pedia atenção tremendo e gritando. Com certeza era uma pessoa com os mesmo sintomas e nome de mulher. O toque soou duas vezes e foi silenciado. Eram onze e quarenta e três da manhã e já estava acordado desde nove. O telefone tocou até parar. Foi mijar. Acendeu um cigarro, o primeiro do dia. Abriu um livro que tinha ganhado no dia anterior para ser interrompido pelo telefone trinta minutos depois. O telefone traduziu qualquer coisa que poderia ser dita pela ligação. Estava tremendo e gritando novamente, pedindo atenção. Numero confidencial. Não atendeu. Já havia uma semana que não atendia ao telefone. Toda vez que o telefone tocava era uma descarga de ansiedade em sua corrente sanguínea. O inesperado o causava temor. O problema era que telefonemas não tinham titulo nem prefácio. Não sabia o que poderia ser. Como seria bom se pudesse saber de antemão o tópico da conversa, assim evitaria desagrados desnecessários. Calou o telefone e voltou a ler o livro. Era uma seleção de contos e o atual falava de um casal de turistas que tinha ido numa praia de nudismo no rio de janeiro, o carro havia acabado a bateria, foram parados por policiais portando drogas e não foram pegos para no fim ficarem perdidos e subir a serra do Grajaú por engano, de madrugada. Nada de interessante acontecia a eles. Já eram uma e trinta e quatro na tela do celular. Fechou o livro e o deixou em cima da cama e ligou o computador. Quando abriu a tela inicial, na área de trabalho havia vários vídeos que serviriam para o propósito que duraria cerca de cinco minutos. Ao terminar, se limpou, pegou o celular e digitou a seguinte mensagem “no momento estou ocupado, me envie uma mensagem que retorno quando puder”. Enviou para os dois últimos números e acendeu outro cigarro. Pensou: Bem, quem sabe agora tenho uma prévia do assunto. Deu um trago e sentiu gosto de leite. Já era hora de parar de fumar. Ao bater a cinza num pires, viu um copo. Havia uma pequena camada de poeira alojada em cima da água, imagem que o lembrou de tomar o remédio que sacou da embalagem e engoliu, bebendo do copo que dormia ao seu lado por no mínimo duas noites. O telefone avisa que chegou mensagem nova. Correr para ver as mensagens novas não era uma característica sua. Deixava a curiosidade angustiante decantar para somente após ler. O livro continuava em cima da cama. Tossiu. Pegou o livro, leu mais duas paginas e pensou que o remédio demoraria trinta minutos para fazer efeito.
III

            “ME LIGA PRECISO FALAR COM VC”. - Não adiantou. Era idiota. Como que uma pessoa responde a uma mensagem daquelas com essa frase? A ligação inicial era suficiente para saber que ela queria falar com ele. Era tão estúpido quanto ligar para uma pessoa que está a algum tempo sem falar contigo e introduzir a conversa com “por que você não me ligou?”. Quem tem algo para falar deve dizer logo e não ficar com essas brincadeiras e “PRECISO FALAR COM VC” não era o titulo que imaginou que conseguiria inicialmente. Ele estava puto por que ainda teria que utilizar de comunicação oral para saber do que se tratava.  Eram duas e catorze. Sentia-se bem mais tranquilo e com fome. O pires estava cheio de pontas.  Foi tomar um banho.