Ele olhava com o canto dos olhos vermelhos à procura. O bar estava cheio e era grande e delgado. Foi até o fim, passando por todos e avistou a mesa que mais odiava com ela sentada, cercada por homens que não faziam questão de ser do sexo masculino. Após contato visual estabelecido de ambos lados, sorrisos sinceros na distância que culminaram em um abraço que durou mais que o necessário pelo fato de sentir seu corpo comprimido contra o dela. E foi bom. E mesmo em tal mesa, decidiu sentar para uma bebida. Por causa dela. Ela não se deteve em expressar o que sentia, surpresa e admiração claras no tom de voz e nas expressões corporais. Ela era assim. Se levantava para dançar as músicas que gostava. E sabia dançar de maneira sexy. E sabia gostar de músicas ótimas. Ele forçava uma aparência blasé e pediu um chope claro. Com duas ou três palavras versadas de cada lado ele notou que ela estava ligeiramente ébria e se lembrou do telefonema que havia dado para ela 20 minutos antes. A demora para o telefone ser atendido começava a fazer sentido e a disposição das cadeiras confirmava que ela estava acompanhada.
Mas o agravante foi que o tal era um dos -cromossomicamente falando- homens que maestravam o silêncio instaurado na mesa desde o momento que ele chegou. Não tardou minuto para a mão do outro procurar asilo em seu colo, que se distanciava a cada minuto. E logo foi o beijo. E o que veio depois foi uma constante tentativa da parte dele para não presenciar o amasso que acontecia dentro do mesmo metro quadrado que ele estava. Desviava os olhos mas perifericamente testemunhava e não gostava. “Ela estaria linda se não estivesse em braços de outrem” pensou, aguardando o chope. “Pessoas de passagem não merecem cumprimentos”, pensam os dedos dela se refugiando no cabelo alheio, atordoados pelo cheiro da saliva que compartilhavam em sorrisos etílicos e carinhos de primeira viagem.
Ninguém foi apresentado a ninguém. O chope demorou muito para chegar. Ele o tomou quente em 4 goles, se despediu dela e saiu.
Ninguém foi apresentado a ninguém. O chope demorou muito para chegar. Ele o tomou quente em 4 goles, se despediu dela e saiu.
