18 de out. de 2008

sabado 14:06






não quero morrer uma vida sem roteiro,
cometer uma gafe sem ensaio ou um erro igual ao outro.
minha coleção de mágoas incompletas e beijos não roubados continua congelada
 logo abaixo dos pinguins , sempre com fome por algo novo e esses dedos suturados por não temer cacos sangram lentamente mesmo já cicatrizados.



17 de out. de 2008

sentimento presente 18/10/08







sem intento a curto prazo, esse agito interno me atormenta lentamente entre os comerciais, mas estive brincando de não ser mais triste, sem lástima nem regozijo, nada apraz nem me desgosta. 

estive brincando de amenizar os sentidos, evitando o que meus olhos focam e os dedos tocam, evadindo sem intrepidez, simplesmente aguardando passar. 

cansei de quantas vezes repisei o chão mordendo a língua por costume e de tanto incômodo nem sinto mais dor, simplesmente aguardo passar. 

me cansei do constante esperar e do calor que me causa quando choca a rotina a hipótese de algo melhor além do que o braço alcança.








31 de jul. de 2008

só nas córneas





antes que as coisas por fazer 
consumam a rotina
retroativa 
como carnificina


mesmo que isso canse e conflita nas idas 
e vidas pelas esquinas 
e as palavras sem sentido


enquanto todos cremos na segurança no concreto
que segura nossa loucura em andares distintos.







O MESMO







Faz tempo que guardo essa tristeza
debaixo do meu travesseiro,
como peça de quebra-cabeça

e o 7 de setembro
me impulsiona pra dentro
como buraco negro:

tristeza parcelada em 84 meses 
continuo à pagar os juros 
e apagando as juras de amor.



8 de jul. de 2008

plágio aprimorado XVI





vontade é o dobro 
do que eu tenho no bolso:

uma subida constante, 
soluço reconhecido em cartório 
e saudades promissórias.



20070331





trocar subjetividade alheia regida por dedos untados de sal 
e cobrar sorrisos nas mãos dadas que enlaçam, envelhecem e enforcam 
só para ter o que fazer durante os avisos de plena vida 
é um ataque de banalidade com idéias fixas,
sob a tranquilidade inócua das chaves na porta.





are you hungry? are you pagan?




peitos lúcidos despontam atrás de algodão com feixe duplo e me encaram nas pupilas. 
o apelo é notado imediatamente e me sinto pressionado pra fora da calça; 

peitos que apontam a direção inversa de onde venho.
talhos dividem as bundas que fogem da calça; 
este lado para cima; frágil -dizem os cofres em braile. 

escuto esses sussurros e suspiro de vontade.
constante desperdício de umidificações vaginais. 
e minha sede aumenta.






apraz





estou existinto 
em armistício 
com meus instintos;

dormindo induzido 
por comprimidos 
que podam meus sentidos



poema para meu 27º aniversário (título plagiado-adapatado)




algumas vezes me engano
com fachadas decentes
e sorrisos de papel carbono:

conexões intensas 
ou completamente breves.

porém não é motivo para angustia;
aprendemos vendo os outros sofrendo 
evitando como podemos.



Aflitarritmia



Esses cacos da gente, espalhados pela cidade
sujam de cinza e me enchem de almas roídas;

os dias dobram esquinas e me injetam
doses cavalares de mesmice repentina.









IIIIIICIoImIuInIiIcIaIgIeIIIIII





sou mestre em me fazer
não ser compreendido. 


quanto tempo preciso
para isso fazer sentido?




14 de mai. de 2008




 entre idas e gemidos no longo caminho percorrido com veneno contido,
perdendo momentos efêmeros cada vez que não consegue e tenta
esticar a mão e alcançar a baioneta:
para 
cometer suicídio, tenha a lista na cabeça



22 de mar. de 2008

talento de princípio ativo ?







eu estava me viciando lentamente nessas crises de abstinência em detrimento da saúde mental que mantia pupilas em lua cheia fixas em espera e angústia nos braços tremendo boca salivando metal cara inchada por dormir demais e que aprentava choro para transeuntes que preferem pensar por traumas - ou então ele levou um chute na cara, na altura do nariz e por sorte não quebrou nada - julgavam olhos de reprovação direcionados de cima daquela virtude momentânea que é gerada pela capacidade de conjecturar sobre a vida alheia em breves momentos de certeza mórbida, fato real que assola locutor do pensamento e açoita interlocutor. certeza mórbida que nos serve como distração da deplorável existência e baixeza espiritual devido o fato de não conseguir colocar rótulos em pensamentos impertinentes e deixar o próximo aparecer. o interlocutor responde com piscar de ambos olhos num sutil e constante foda-se a cada segundo ou menos depende do vento, mas a médica descreveu os sintomas e escreveu a receita e a bula dizia apatia, irritações cutâneas e incapacidade de se admirar por alguém.






9 de mar. de 2008

monções honrosas



hostilizado pelo domingo chuvoso
e em coma mental causado
pelas  doses cavalares de ócio televisionado

pesos e pedidos soterram o senso crítico 
com o incessante fluir de amenidades
recitadas com tom importante.

eis que ouço reclamações por me condicionar à constante troca de canais 
mantendo o mito da onipresença que me causa náusea de meias molhadas:
o controle remoto é uma ilha de edição barata.




6 de mar. de 2008

poluições noturnas




e então troca o dia pela noite
e fica indecisa entre o dito e o não dito,
e não há nada que prove o contrário 
além de sua palavra contra a minha.

e nunca há vencedor nesse jogo de esconde-empurra
onde os pedidos perdidos por não serem falados
são trocados por vale achados

- manuscritos com letra terrível e sem valor algum –

porém no calor da discussão
os corações congelados derretem
e um fino orvalho precipita 
no forro interno da calcinha.







5 de mar. de 2008

roteiro para rotina vulgar








trato de açoitar amores, manejo de palavras escolhidas a dedos de pé esquerdo,
sem joanete e com unhas por cortar a meses. tudo tão fictício.
hostilidade excreta dos póros?

hábitos fluentes.

veículos que transitam restritos por leis quebradas e movidos a humanos
recheados de suor e sal e cheios de dor.

vícios simples de lidar.




tema para terapia








quando acordo de sonhos que têm roteiro baseado nos esportes das cama,
independente do enredo me indago o quão viciado em tatos e afagos me encontro.
notas já ouvidas antes, eu sei.

constato que a falta é superestimada para que exista a contraposição
e a dicotomia se concretize com a máxima
de que é a cópula é necessária para a manutenção do seu ego.




29 de fev. de 2008

receita para ser um idiota em 5 minutos




junte dois comprimidos brancos comprados com receitas falsas. podem ser comprados com receitas reais, porém os sintomas para conseguir as receitas
tem que ser necessariamente forjados com lágrimas
ou alguma das tantas maneiras furta-cor de oratória.

junte tudo numa panela depressão comprada com cheque sem fundos e desista de todos os botões que foram perdidos por má utilização. agarre-se à idéia de que todos humanos são potenciais inimigos e prováveis corações partidos.

junte tudo em fogo brando e beba sem parar,
até conseguir se desprender de seus limites lógicos.
depois, ande ao redor da festa destilando aneurismas verbais e torcendo por alguma intervenção alheia
que te possibilite agredir o interlocutor com tapas de luvas e retórica. -em caso de dúvida, entrar em contato comigo.



como ficar invisivel às 16:33






tire suas lentes de contato e deixe a barba crescer por duas semanas. não escove os dentes, mude o número de seu telefone, atrase seu relógio, pare no segundo degrau, pense no mar. coloque óculos escuros, levante seu capuz até cobrir o rosto e:  não veja tv, não leia jornais, não acesse internet nem ouça radio, deixe o telefone tocar, não pare nos sinais, livre-se de todos bordões. prenda a respiração por 6 dias e descanse no 7°.



28 de fev. de 2008

Antes só, agora acanhado





somos mascotes de nós mesmos, 
ganhando biscoitos e afagos 
a cada truque certo feito. 

sinto dizer que a dor no peito é ímpar como a minha, 
mas posso mentir e contar verdades 
calçadas por virgulas e forjar adrenalina.

sei esculpir sorrisos em gesso 
e também sei andar sobre gelo fino.







30 de jan. de 2008

apraz






esquece o que merece
mas nem na mentira
quero lembrar

estou existindo
em armistício
com meus instintos

cansei de sobreviver
depreciando do que eu sinto

portanto covarde fujo
e durmo induzido por comprimidos
que lentamente me suicidam