A noite clareava sem pressa e o café que esfriava aquecia muito pouco. Estava em pé e fazia ronda continua por todos os centímetros do mesmo metro quadrado com frio e obrigado a filtrar toda a ansiedade do mundo. Parou depois de alguns minutos para começar a dar pequenos tapas com as palmas das mãos pelas pernas até que previsivelmente tateou os bolsos da calça sem que o achasse e de repente levou a mão ao peito e alcançou a carteira de cigarros no bolso da camisa. Ao lançar um para fora, de maneira ensaiada e praticada diariamente, acendeu fazendo cara de que tinha entendido algo ou lembrado onde havia guardado meia garrafa de uísque. Era a quarta vez que tinha parado de fumar e voltara. Sempre se rendia à sensação da primeira tragada e após 4 meses sem fumar, agora estavam ali os cigarros que comprara numa tentativa de moldar primeiridade à força. Fumou e o sentimento da primeira tragada foi indescritivelmente efêmero - para não gastar palavras - e o cigarro era consumido como se fosse o primeiro do dia, sensação estranha para quem não dormia a três noites. Ao lembrar isso, se enganou por um segundo conferindo no relógio se o sol estava se pondo. Essa dúvida momentânea aumentou o gosto de penúltimo que o cigarro já tinha e contribuiu para que ele durasse menos que o desejado. Ao fim, soprou a fumaça azul que abraçou o horizonte enquanto o toco foi jogado com força desnecessária e sem direção. Recomeçou a andar em volta, mantendo suas pálpebras afastadas como se isso exorcizasse os sonhos. Insônia induzida por ansiedade tinha vários efeitos colaterais e dar vazão a impulsos hedonistas sempre foi o pior deles.9 de mai. de 2009
have a cigar?
A noite clareava sem pressa e o café que esfriava aquecia muito pouco. Estava em pé e fazia ronda continua por todos os centímetros do mesmo metro quadrado com frio e obrigado a filtrar toda a ansiedade do mundo. Parou depois de alguns minutos para começar a dar pequenos tapas com as palmas das mãos pelas pernas até que previsivelmente tateou os bolsos da calça sem que o achasse e de repente levou a mão ao peito e alcançou a carteira de cigarros no bolso da camisa. Ao lançar um para fora, de maneira ensaiada e praticada diariamente, acendeu fazendo cara de que tinha entendido algo ou lembrado onde havia guardado meia garrafa de uísque. Era a quarta vez que tinha parado de fumar e voltara. Sempre se rendia à sensação da primeira tragada e após 4 meses sem fumar, agora estavam ali os cigarros que comprara numa tentativa de moldar primeiridade à força. Fumou e o sentimento da primeira tragada foi indescritivelmente efêmero - para não gastar palavras - e o cigarro era consumido como se fosse o primeiro do dia, sensação estranha para quem não dormia a três noites. Ao lembrar isso, se enganou por um segundo conferindo no relógio se o sol estava se pondo. Essa dúvida momentânea aumentou o gosto de penúltimo que o cigarro já tinha e contribuiu para que ele durasse menos que o desejado. Ao fim, soprou a fumaça azul que abraçou o horizonte enquanto o toco foi jogado com força desnecessária e sem direção. Recomeçou a andar em volta, mantendo suas pálpebras afastadas como se isso exorcizasse os sonhos. Insônia induzida por ansiedade tinha vários efeitos colaterais e dar vazão a impulsos hedonistas sempre foi o pior deles.
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