22 de mar. de 2008

talento de princípio ativo ?







eu estava me viciando lentamente nessas crises de abstinência em detrimento da saúde mental que mantia pupilas em lua cheia fixas em espera e angústia nos braços tremendo boca salivando metal cara inchada por dormir demais e que aprentava choro para transeuntes que preferem pensar por traumas - ou então ele levou um chute na cara, na altura do nariz e por sorte não quebrou nada - julgavam olhos de reprovação direcionados de cima daquela virtude momentânea que é gerada pela capacidade de conjecturar sobre a vida alheia em breves momentos de certeza mórbida, fato real que assola locutor do pensamento e açoita interlocutor. certeza mórbida que nos serve como distração da deplorável existência e baixeza espiritual devido o fato de não conseguir colocar rótulos em pensamentos impertinentes e deixar o próximo aparecer. o interlocutor responde com piscar de ambos olhos num sutil e constante foda-se a cada segundo ou menos depende do vento, mas a médica descreveu os sintomas e escreveu a receita e a bula dizia apatia, irritações cutâneas e incapacidade de se admirar por alguém.






9 de mar. de 2008

monções honrosas



hostilizado pelo domingo chuvoso
e em coma mental causado
pelas  doses cavalares de ócio televisionado

pesos e pedidos soterram o senso crítico 
com o incessante fluir de amenidades
recitadas com tom importante.

eis que ouço reclamações por me condicionar à constante troca de canais 
mantendo o mito da onipresença que me causa náusea de meias molhadas:
o controle remoto é uma ilha de edição barata.




6 de mar. de 2008

poluições noturnas




e então troca o dia pela noite
e fica indecisa entre o dito e o não dito,
e não há nada que prove o contrário 
além de sua palavra contra a minha.

e nunca há vencedor nesse jogo de esconde-empurra
onde os pedidos perdidos por não serem falados
são trocados por vale achados

- manuscritos com letra terrível e sem valor algum –

porém no calor da discussão
os corações congelados derretem
e um fino orvalho precipita 
no forro interno da calcinha.







5 de mar. de 2008

roteiro para rotina vulgar








trato de açoitar amores, manejo de palavras escolhidas a dedos de pé esquerdo,
sem joanete e com unhas por cortar a meses. tudo tão fictício.
hostilidade excreta dos póros?

hábitos fluentes.

veículos que transitam restritos por leis quebradas e movidos a humanos
recheados de suor e sal e cheios de dor.

vícios simples de lidar.




tema para terapia








quando acordo de sonhos que têm roteiro baseado nos esportes das cama,
independente do enredo me indago o quão viciado em tatos e afagos me encontro.
notas já ouvidas antes, eu sei.

constato que a falta é superestimada para que exista a contraposição
e a dicotomia se concretize com a máxima
de que é a cópula é necessária para a manutenção do seu ego.