5 de dez. de 2006


a noite esconde esquinas,
define sombras ao léu
e não distingue

o refém do réu

29 de nov. de 2006


prelúdio de fim

desisto forçado
levado por terceiros
sentimentos certeiros
e aceito não ser satisfeito

não há nada
para lutar
nem ninguém
pra se apegar



não me responsabilizo
pelo que penso ou digo.
alienação forjada
com disciplina
criada sob medida.
drama real,
vida ordinária.
representar é fácil,
viver é árduo


25 de nov. de 2006



gosto de me esconder
entre as cores do meu quarto
paredes são público e palco

sou um recluso
e um tempo é tudo
que preciso




ÓCIO-LOUNGE

21 de nov. de 2006


heterogenio

render-se à vitória é ser subjugado?



t o u g h t h t h g u o h t

pensamento
violento
imaginação
agressiva

apesar
de qualquer
forma rígida





16 de nov. de 2006

finja que a rotina não te deixa dopado
com o peso diário de olhos mal amados
em um dia de trabalho
ou mesmo em tarde de sábado;
escravo de horários
e entraves burocráticos
em domingos mais depressivos
que abstinência de prozac

15 de nov. de 2006


sempre que acordo com punhos feridos sei bem o motivo:
soquei muros, paredes e bancas de jornal,
como espasmos de intensidade, energia e amor - perdidos
num eterno derramar que de forma ou outra vira algo.

known senses = nonsense





10 de nov. de 2006


era fria e sabia
como vício escolhido a dedo
para futuro desapego:
nada em vão, nada em off, nada entre nós.
nada nas mãos nada nas mãos no corpo ou mente
nada perdido, podado, ou tolhido.
nada que não venha vale a pena.
nada, se não quiser,
morre afogada



29 de set. de 2006

a polissemia policia
o silêncio acompanha
-intrusos
INSANIA

em sonhos
cabeça presa
no que deseja

impertinentes pensamentos
mordem a pele dos dedos

insano e salvo
na noite
de sábado

me constato
viciado
em tato





SIGN

something

that stands

for something else

to someone

in some capacity.

31 de ago. de 2006

exercício de bexiga cheia e cabeça vazia








exercício de bexiga cheia e cabeça vazia

de tudo que antecede a queda;
traição, topada e pinga
só o último ameniza
o tombo de barriga.





29 de ago. de 2006

buda de bula







para bater a iluminação basta 
que siga a receita e não se esqueça:
calmaria absoluta e abdicação nenhuma
é o lema do buda tarja preta


1 de ago. de 2006

apogeu do eu lírico



apogeu do eu lírico:

compartilhar loucura e amargura contidas
por quatro paredes entre a cruz e a espada

o santo intruso ficou confuso
o santo de casa não se abala


















aurora de agora, alma desnuda na cama avulsa, 

amor que arde em cena e todo dia finda tarde

reprimido em domingo cinza de esquina mal dobrada

que entretém e alenta como degrau implícito,

travestido de vício virgem em desejo

por eufemismo em comprimido




26 de jul. de 2006

hai cai do acordar caído com a boca no meio fio













vinho
erva
skank
e cerva
quem falou que o tarja preta
te levanta da sarjeta?










BULA DE BERÉU












três copos de café, oito d'agua
dezesseis gotinhas, ilusão receitada
tudo gira e nós na beira ia,
quase caía

já nem ver tem como
taquicardia disritmia
de tudo tinha e eu só ria

fingia de bobo pelo riso possuído
de uma torta alegria de princípio ativo







































terrorismo sutil ou trilha sonora?
cordilheira de mentiras na pele das orelhas.
emancipando amor em estação de cólera:

auto-agonia ajuda a dar abraços com as olheiras.



25/11/02



25/11/02
acordei sem sono antes das 8 para baixo do chuveiro:
água sabão xampu água creme e enxágua -minha primeira atitude consciente aprovada pelo conselho capilar brasileiro- me seco e vou me drogar: cafeína e vários litros de oxigênio involuntário. vestindo barba rala e camiseta amarrotada saio de casa. na rua nomes me identificam e o sol me esquenta. eu vejo um atropelamento, um balaio de humanos, propagandas e muitos personagens. e penso se somos nossas ficções materializadas pelo desejo e credibilizadas por nós mesmos.




poema pra eliminar preliminares





atropelar preliminares

a t o p e l a d o

pra ele minar os personagens

m o r t o s c a l a d o s

eliminar preliminares pra ele mimar

a l g u n s v u l g a r e s p r a z e r e s

capazes de capar

a c a b a r c o m u m s e r

comum e real






18 de jul. de 2006

poema para ler com vinho



no tato das pálpebras cansadas, o leito presente

o momento só ama quem sente

bocas caladas confundem os beijos
a imperfeição mais bela com medo 
de palavras tão cedo

seu jeito deveria confiar no sentimento
-só ama que sente o momento 

poema na forma de seta pra baixo





elásticapacidade de fagocitar
quando chora escorreganha
cair pra dentro fica fácil,
impossível ficar passivo
isso mata impulsivo
o gesto agressivo
mais prazeroso
do primata
penetra
ação







transição contraditória de tudo







eu não te amo, mas tenho certeza que morrerei em viena 
pois nunca me senti tão só.
talvez eu te ame, não tenho certeza,
nem sei mais se irei para viena. 

caso contrário de que me vale morrer
tantas vezes durante um poema?













ela tinha mãos gordinhas e bonitas
que me deram vontade de senti-las
abrindo minha braguilha.
era nova e magrinha, seios médios e dizia
que agora não podia pois já tinha achado alguém
que aceitava o rigor tumultuado e o rancor do pai
e eu não disse nada,
deixei ela partir,
pode ir,
vai.

Foot fingers sharped nails







enquanto o sexo de donzelas é instigado por gentileza dinheiro e mentiras 
eu espero minha chance nela.

enquanto atuais amores perecem no tempo e gemem sussurros na cama 
eu espero minha chance nela.

toda essa espera ilustra o vulto
desse corpo cavernoso que primatamente procura 
rechear as pernas de todas as cores femininas.







todo esse passado recente como um presente de grego 
que carrego tatuado no impertinente presente passado.

todo esse passado presente que ansiosamente me dói 
como se esculpisse a saudade no silêncio 
e nas pontas dos dedos que rói.














se o silêncio que me julga
não jogasse tantas pedras em minha jugular 
por oferenda ao sentimento presente,
a impertinente vontade
de deixar o momento passar
se concretizaria durante a espera.

se esses olhos que me fitam por segundos
se mirassem uns nos outros,
poderiam ver a beleza
em compartilhar mundos de mentiras
e me deixariam em paz
com minhas tentativas.



Sonhos Turvos



todo aquele tempo à espera do melhor momento
desperdiçado com palavras recheadas de deixar passar
por medo ou ficar pensando demais
já não me incomoda mais.

todas aquelas bocas que por timidez deixei de estuprar
por vergonha ou sanidade me sussurram em sonhos turvos

e eu vou de encontro às paredes da cidade
bulimicamente vomitando palavras de ressaca
recheadas de emoções disfarçadas
atrás de um nariz de palhaço
me mesclando à multidão à espera do acaso.






6 de jul. de 2006








olho sem jeito do centro de mil defeitos 
e sorrindo com as sobrancelhas penso 
na salvação dos meus erros



21 de jun. de 2006

rotina I




olhos que enganam idiotas
que acreditam em sorrisos
e ciclos de maneirismos
viciantes como o ar que respiro







1 de mai. de 2006

HOJE EM ODE







Vivemos embalados pelos sábados
e a semana é um mal necessário.




pudica X puta




há disputa 
entre a pudica 
e a prostituta.

sexo fácil 
depende do horário.
sexo frágil
da conduta.

já o amor 
é um trabalho 
do caralho.









24 de abr. de 2006

parabólica para captar a nóia






invento soluço
vindo do arbusto
e escuto

o vazio que intenso geme
em silêncio

e o vento que me treme
no escuro:
parabólica para captar a nóia 





















preliminar, cópula, gozo.
período refratário
é a espera do biscoito.











adentro em densa sombra
rua escura noite em claro
de hoje em hoje se vai longe.
-de ontem resta calo



23 de abr. de 2006



às cegas
na calada
da surdina

guiado pelo olfato
‘com’ somou o fato:
tato + com + tato
ato consumado     

vida após a morte



voltar do fim
ao início
só para desafiar
um novo vício



ode à foda




foda sem caralho
pulsa a vulva
fora do horário



amante de antes








noite confusa entre safras de amor e de fúria.
de agora em diante não quero o descaso ou o falso conceito:
-se o mundo é imundo eu uso a mulher de terceiros.








11 de abr. de 2006



she was as it was;
sweet as sweat, 
easily provoked stillness
soft touch but wet, sad illusion instead.
When sad,
is better to weep
than to threat.

9 de abr. de 2006

Admite-se doméstica com decote vulgar




empurra suspensa e tensa
mas é feia de igual maneira
desacato feito com faca 
e pintada de vermelho


carne densa esperneia
e intensa pulsa na veia
proeza insincera que pula:

puta na cama avulsa


a vadia egoísta se refastela:
puta que é puta 
só goza pra ela.





7 de abr. de 2006

quem se lembra?









a fenda fere mais que a ofensa